Pedaços perdidos da memória


Essa foi escrita há alguns anos. Do tipo da coisa escrita de soslaio e não se dá muita importância na hora. E que com o desaguar do tempo encontramos perdida nas agendas da vida. E relendo faz o maior sentido. Já na época havia a tal resistência a tudo, a todo tipo de abertura de portas e janelas. 

É quando de repente a vida nos empurra escada abaixo nos obrigando a sair de dentro da casa... 
 
"Sair é difícil. Mais difícil quando tu és plantado feito árvore de raízes grossas e profundas. Talvez acredite que seja mesmo feito de raízes daquelas que os anos passam e lá está ela, impávida, resistente ao mau tempo e a devastação impiedosa das mãos humanas. Mas eu não sou árvore. Sou gente. Tenho alma, coração, pele, carne e osso. Tenho sangue nas veias, tenho amor e algum resquício de não-amor, coisa vinda de outras vidas. Não quero deter-me na impavidez da sequóia, deixando que o inverno, as folhas secas e o verão sucedam-se século após século, sem sequer experimentar dos passos que preciso dar. Sou carne, sou osso. Sou gente."

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